Lançamento do livro Pra que essa boca tão grande, texto de Tino Freitas e ilustrações de Raquel Matsushita, editado pela Panda Books, acontece no dia 11/02/2023, sábado, na Livraria Novesete (R. França Pinto, 97 – Vila Mariana), a partir das 15h. Todos convidados!
Um pouco sobre o processo
A capa tem grandes orelhas que revelam, quando abertas, que o lobo mau está por perto… Já no verso da capa, na segunda orelha, estão escondidas as referências das obras com o nome dos artistas, que aparecem no decorrer do livro. Desenhos de autores que desenharam a Chapeuzinho Vermelho, como Arthur Rackham (1867-1939), Gustave Doré (1832-1883), Margaret Evans Price (1888-1973), Walter Crane (1845-1915), entre outros, são apresentados em forma de quadros pendurados nas paredes da casa da avó.
No final do livro, ao dobrar (ou desdobrar) a segunda orelha, o lobo e o gato observam os quadros com a identificação dos artistas.
O livro traz referências da primeira publicação – Contes de ma mère l’Oye – datada de 1695, escrita por Charles Perrault, obra em que se encontrava, entres outros contos, o da Chapeuzinho Vermelho. Parte dessa obra de domínio público foi utilizada nas ilustrações.
A narrativa das imagens instiga a imaginação do leitor ao mostrar, inicialmente, partes do personagem lobo para que o leitor imagine o que ficou de fora. Sendo assim, ele “completa” o desenho a partir daquilo que não está dito.
Conforme o texto nos leva para um caminho inesperado e cheio de humor, a narrativa de imagem acompanha no mesmo tom. Foi inserido na narrativa um gatinho que acompanha a saga de Chapeuzinho.
Um pouco sobre a criação de capa para o livro Toda cicatriz desaparece, de Rogério Pereira, com organização e apresentação de Luiz Ruffato, editado pela Maralto Edições.
CAPA
O fio condutor das histórias do livro são as lembranças de um tempo que passou, a infância. Para simbolizar concretamente a passagem do tempo, escrevi o título manuscrito com cola branca sobre EVA. A metáfora da fluidez da vida e da cola que, ao secar, desaparece.
O segundo passo, depois da cola seca e transparente, foi pintar com tinta branca por cima das letras para garantir legibilidade. Novamente, foi necessária a passagem do tempo para enfim chegar ao terceiro passo.
Por útlimo, descolei as letras da superfície EVA e compus o título sobre uma pintura abstrata em papel craft feita anteriormente. Para potencializar o relevo do lettering, sugeri a aplicação de alto-relevo no título.
MIOLO
O miolo foi impresso em papel pólen bold, 90g em uma cor pantone (azul).
Lançamento do livro na FLIP, dia 26 de novembro 2022. Bora celebrar esse livro!
Escrito por Jacques Fux, ilustrado por Raquel Matsushita, o livro As coisas de que não me lembro, sou (Aletria Editora) é uma viagem ao (in)consciente humano.
Na entrevista a seguir, ao Carlos Andrei, conto um pouco sobre o processo de criação das imagens do livro a partir das provocações que o texto nos oferece.
Como se deu o processo de ilustração do livro?
O processo de ilustração foi feito com muita liberdade em todos os sentidos. Identifiquei um forte viés psicanalítico na narrativa do personagem, desde o nascimento até a vida adulta. A psicanálise foi, portanto, o ponto de partida para a investigação e pesquisa das ilustrações. Depois que encontrei esse caminho para as imagens, fiz alguns desenhos e apresentei à editora e ao autor, que curtiram a proposta.
Gostaria que você comentasse um pouco sobre a escolha das cores, predominantemente, o preto e o branco.
O livro trata de uma memória “esquecida”, mas é justamente por meio dela que o narrador conta as histórias e reconstrói a si mesmo. No paradoxo do ambiente escuro das não-recordações, o narrador se revela em forma de fragmentos. O projeto gráfico do livro propõe intensificar a ideia de fragmentos com pequenos trechos de texto distribuidos nas duplas. Ainda sobre esses trechos, um novo fragmento de texto é realçado por retângulos pretos ou brancos, que, por sua vez, se misturam com as ilustrações. O preto e branco (do papel) se revezam no protagonismo de cada capítulo. Também foram pensados como uma alusão à lembrança e não-lembrança do narrador, a luz e a sombra.
As ilustrações trazem referências de algumas obras de arte. Você poderia destacar algumas que considera importantes e, de algum modo, contribui para construir a linguagem visual do livro como um todo?
Todas as imagens têm uma referência direta com uma obra de arte. Selecionei os principais artistas surrealistas (ou que participaram do movimento) com obras que se relacionam com a passagem do texto nas duplas. As ilustrações foram criadas livremente sobre essas obras, sendo, portanto, uma releitura, uma reconstrução do passado. No conjunto de 20 ilustrações, houve a preocupação em escolher artistas brasileiros e também em equilibrar os gêneros (9 mulheres e 11 homens). Ao final do livro, há a relação das obras e artistas selecionados.
As imagens deste livro foram livremente inspiradas nas obras de artistas que participaram do movimento surrealista.
Meret Oppenheim, Mesa com pés de pássaro (1939): capa Joan Miró, Nascimento do mundo (1925): p. 6-7 Tarsila do Amaral, Urutu (1928): p. 8-9 Paul Klee, Irmãos (1930): p. 10-11 René Magritte, Decalcomania (1966): p. 12-13 Frida Kahlo, Meus avós, meus pais e eu (1936): p. 14-15 Man Ray, Os amantes (1936): p. 16-17 Maria Martins, O impossível (1945): p. 18-19 Leonora Carrington, O último peixe (1974): p. 20-21 Ismael Nery, Eternidade (1931): p. 22-23 Dorothea Tanning, Maternidade (1947): p. 26-27 Kay Sage, A resposta é não (1958): p. 28-29 Marc Chagall, Amantes rosa (1916): p. 30-31 Luis Buñuel, Um cão andaluz (1929): p. 32-33 Remedios Varo, O fazendeiro (1958): p. 34-35 Max Ernst, Os homens não sabem nada (1923): p. 36-37 Pablo Picasso, Garota em frente ao espelho (1932): p. 40-41 Cicero Dias, Sem título (1920): p. 42-43 Gertrude Abercrombie, Levitação (1953): p. 44-45 Salvador Dalí, A persistência da memória (1931): p. 46-47
Jacques Fux recorda que o ponto de partida desse livro remonta a 2014, quando foi convidado por Marco Lucchesi, enquanto presidente da Academia Brasileira de Letras, para escrever um artigo para a revista da ABL. Naquele ano, o escritor estava cursando pós-doutorado na Universidade de Harvard, nos Estados Unidos, onde se aprofundou nas questões sobre a memória, que vai além do que se lembra. “Inclui também o que esquecemos, transformamos, criamos e recalcamos. Eu estava trabalhando com o testemunho na literatura, e fiz uma imersão no tema. E, assim, escrevi esse texto que eu acho que é único na minha vida. É um texto muito bonito, muito sincero”, comenta Fux. Dois autores com os quais ele estava dialogando bastante nos seus estudos foram Georges Perec (1936-1982) e Sarah Kofman (1934-1994), que passaram pelo trauma da Segunda Guerra Mundial e também produziram livros nos quais se valem de uma linguagem infantil, mas sem abrir mão da densidade das questões abordadas por eles. Produzir “As Coisas que Não me Lembro, Sou”, para Fux, foi, de certo modo, realizar esse exercício de retorno a um “lugar” já esquecido mas ao mesmo tempo familiar para todo mundo. “Esse texto é muito bonito, fala o que todo mundo viveu e o que todo mundo esqueceu, mas esse esquecimento foi fundamental para criação de quem somos. Todas essas coisas que nós não lembramos da infância, desses carinhos, desse convívio com os pais, enfim, dessa vida de neném, eu acho que são justamente essas memórias que nos fazem ser o que somos. Então, esse livro trata muito dessa não memória, mas que, de alguma forma, nos define”, completa Fux.
Para Rosana de Mont’Alverne, editora da Aletria, “As Coisas que Não me Lembro, Sou” é um livro reflexivo e encantador, para ler, reler e presentear. “Quando crianças, amamos ouvir repetidamente as histórias de nosso nascimento, do casamento de nossos pais, daquele tombo horrível que deixou cicatriz… Assim vamos nos constituindo, não só pela memória dos acontecidos, mas também pelas narrativas dos adultos. Freud dizia que não somos apenas o que pensamos ser. ‘Somos mais’ – diz ele – ‘somos também o que lembramos e aquilo de que nos esquecemos; somos as palavras que trocamos, os enganos que cometemos, os impulsos a que cedemos ‘sem querer’”, ressalta.
“Jacques Fux nos traz, em boa hora, essa reflexão freudiana traduzida num texto literário belíssimo, enxuto e, sobretudo, SIMPLES, essa qualidade dificílima de alcançar na aventura de escrever um livro. A cereja do bolo é o projeto gráfico e as ilustrações de Raquel Matsushita, que brinca com o claro-escuro o tempo todo, numa alusão à escuridão das não-recordações que impulsionam-nos à busca da claridade e do autoconhecimento”, conclui a editora.
Correio amoroso é uma antologia, organizada por Henrique Rodrigues, editada pela Oficina Raquel Editora, que reúne 20 cartas sobre paixões, encontros e despedidas, com projeto gráfico de Raquel Matsushita. A diversidade de cartas são assinadas pelos autores: ANA PESSOA, BRUNO RIBEIRO, CLOTILDE TAVARES, CRISTIANE SOBRAL, EDNEY SILVESTRE, HENRIQUE RODRIGUES, JOÃO ANZANELLO CARRASCOZA, JACQUES FUX, JESSÉ ANDARILHO, LUIZA MUSSNICH, MARCELA DANTÉS, MARCELO MOUTINHO, MÁRIO RODRIGUES, MATEUS BALDI, NATALIA BORGES POLESSO, NATALIA TIMERMAN, OLÍVIA NICOLETTI, PAULA GICOVATE, RENATA BELMONTE e TAYLANE CRUZ.
O livro vem encartado numa sobrecapa em forma de envelope, que, ao ser desdobrada, se revela a forma de um coração.
A sobrecapa-envelope traz o poema Todas as cartas de amor são ridículas, de Álvaro de Campos (Fernando Pessoa), mencionado no texto de apresentação do livro. Em alusão ao poema, a própria forma de coração do envelope traz, propositalmente, um pouco desse “ridículo” do poema.
A disposição do título denota um movimento, algo vivo (e por vezes por caminhos desencontrados) nas histórias de amor. As cores trazem algo pulsante no contraste do rosa com tons de azul e roxo. A letra O do título, em repetição, cria um padrão no qual se encontram, metaforizados pela letra, pessoas em todo tipo de relacionamento (pares, trios, em grupo), além dos indivíduos que se encontram sozinhos.
Capa aberta com orelhaspágina de rosto
No miolo, trechos do poema de Álvaro de Campos se transformam em aberturas de capítulo numa organização conceitual dos textos.
Lançamento no Rio de Janeiro, São Paulo e Brasília. SAVE THE DATE
Como nasce uma marca? Qual o caminho para criar um nome para um selo literário? Neste post, com depoimentos de todas as pessoas envolvidas no processo, você acompanha o surgimento de Maralto Edições.
A tarefa do naming (criação do nome) ficou por conta de Magno Silveira (magnostudio.com.br). Já o desenho da marca, ficou nas mãos de Raquel Matsushita. No entanto, o processo de desenvolvimento da marca foi um trabalho realizado em equipe, com muitas trocas de ideias, ao lado da editora de literatura Cristiane Mateus.
Segundo a editora: “Queríamos um nome com alguma referência literária relevante, mas não óbvia. Precisava dialogar com o símbolo, a metáfora, a abstração. Não poderia ser um nome entregue de bandeja ao leitor. A boa literatura nos escapa, um bom nome deveria seguir essa premissa.”.
A casa editorial publica livros literários para a infância, juvenis e adulto. Sendo assim, a marca deve contemplar todos os públicos.
Parte I – Em busca do nome
Nas palavras de Magno Silveira: “Construir marcas é estimulante e desafiador. A começar pela criação do nome, atividade chamada naming. Como todos os dias surgem marcas nos mais diversos segmentos, dar nome a um empreendimento tornou-se algo que exige um roteiro, uma técnica mínima que seja. Começo sempre pelo entendimento do negócio e pela pesquisa das marcas existentes no mercado – neste caso, nas editoras.
Uma vez entendido o objetivo do projeto, que precisa atender questões como o posicionamento da editora e a gama de leitores que pretende abarcar, é hora de saber a qual categoria o nome deverá pertencer. Basicamente, as categorias de nome são: real, simbólico e imaginário. Atualmente a tendência são os nomes simbólicos ou imaginários. Um dos motivos é que essas são as categorias com maiores chances de se obter registro no Instituto Nacional de Propriedade Industrial (INPI) e nos domínios de internet (site e redes sociais). Os nomes de categoria real, pelo contário: são comuns, pouco criativos e, portanto, mais difíceis de registrar.
Além disto, nomes das categorias simbólico e imaginário são os que proporcionam uma comunicação mais criativa e diferenciadora. Portanto, determinamos que o nome da editora deveria ser da categoria imaginário. Entram em cena dicionários de vários idiomas (tentamos diversos nomes em tupi-guarani, inclusive), romances, poemas… livros, enfim.
Eis que surge, vinda de um poema de Drummond, a palavra Maralto. Inexistente no dicionário, a palavra é uma aglutinação de “mar alto”, alto mar. A sua sonoridade é repleta de lirismo onde a sílaba tônica “-ral” traz o ápice, o alto, o longínquo; e a sílaba átona “-to” colabora para que uma vastidão se estabeleça. Maralto.
Maralto é alto mar onde vaga o leitor, é onde as letras mergulham brincando de peixes reluzentes. Maralto também é editora e livro, um barco capaz de levar a horizontes novos e surpreendentes. Maralto, ainda, é uma enseada tranquila onde livros arriam as velas e aportam.”
Parte II – O desenho da marca
A partir da definição do nome, inicia-se o processo de criação da marca. Na concepção de mar alto, a porção do mar afastada da costa ou do limite à beira-mar, vem a ideia da navegação, da viagem, de um mergulho nas profundezas. Mar alto… é nele, em sua profundeza, onde navega a literatura.
O símbolo da marca, apresentado de forma estilizada, é um peixe, aquele que navega no mar. A associação proposta traz a metáfora do mar como literatura e o peixe como leitor.
A tipografia do lettering tem como base de construção as formas geométricas básicas, sem serifa e alta legibilidade, mesmo quando aplicada em versão pequena.
Foram criadas versões para usos específicos. A versão sem tagline, mais limpa, é aplicada na capa dos livros. A versão com tagline é usada na página de créditos e material institucional. O símbolo é aplicado na lombada e no colofón.
Cores
A marca possui uma cor específica apenas para uso institucional: um azul profundo.
Para a aplicação na capa de livros não há uma cor fixa, ela varia de acordo com o meio colorístico em que se encontra. As cores escolhidas devem sempre garantir boa legibilidade.
Para livros de literatura adulta e juvenil, a marca é aplicada em uma única cor.
Já para literatura para infância, a marca é aplicada em duas cores: uma no símbolo e outra no lettering.
A seguir, algumas capas de livros com a marca aplicada.
Nas palavras finais de Cristiane Matues, “assim, nasceu a Maralto Edições. E para todos aqueles que, além dos livros, amam o mar, sua concretude exuberante, vai no nome que escolhemos um duplo regalo!”
Coleção Cornélio Penna (Faria e Silva Editora) sai agora com seis volumes, sendo um deles, o caderno de desenho e pintura do autor.
Os desenhos de Cornélio foram utilizados para compor a capa de toda coleção. A paleta é composta por 6 cores que trabalham em sistema de duos nas capas: vermelho com ouro; azul com prata; bege com preto. O branco (do papel) e o preto também atuam como cor-base.
Os desenhos em traço preto e em negativo também foram utilizados nas páginas de rosto, assim como os originais datilografados com rasuras e correções do próprio autor.
A coleção foi impressa em uma cor no miolo (preto) em papel pólen, com exceção do livro Caderno de pinturas e desenhos, impresso em 4 cores em couchê fosco.
Foi criada uma luva (box), impressa em 3 cores, para acomodar todos os livros da coleção.
A primeira leva da obra reeditada de Monteiro Lobato pela Sesi-SP Editora traz oito livros. Para cada volume, foi convidado um ilustrador. Participaram desse projeto artistas brasileiros e portugueses. Nesse lote, os ilustradores foram: Anabella López, Cátia Vidinhas, David Penela, Guazzelli, Jorge Mateus, José Saraiva e Psonha. O projeto gráfico, criado pela Entrelinha, tem como referência a época áurea dos livros escolares criados por Lobato. O passado histórico foi redesenhado sob um viés contemporâneo.
As publicações dos chamados livros escolares de Lobato (1921 a 1931) foram a base de pesquisa para criação visual dessa coleção. A quarta capa é assinada por Magno Silveira, que deu todo o suporte para a pesquisa iconográfica do projeto.
Na capa, foi escolhida uma tipografia art deco no nome do autor, cujo desenho geométrico é potencializado pelo uso de duas cores. No título, foi aplicada uma tipografia racionalista que cabe para todos os volumes.
Cada livro possui um duo-base de cores trabalhado na capa e no miolo.
A partir das letras ML, foi criado um ex-libris – uma referência da época, conceito de propriedade (este livro pertence a…) –, com espaço para o leitor escrever o próprio nome. Esse ex-libris está impresso na primeira página do miolo.
Aplicação de moldura ilustrada com vinhetas no sumário e captulares marcantes no início dos capítulos – recursos utilizados nos livros escolares do Lobato – também foram transportados para esse projeto.
No miolo, foi aplicada uma tipografia contemporânea e serifada no texto, intercalado por ilustrações de página inteira.
As ilustrações de capa invadem também a quarta capa, trazendo ainda mais o leitor para a cena.
Nasce uma nova editora para oxigenar nossa realidade. O desenho da marca e o design do site foram feitos pela Entrelinha.
A nova editora leva o sobrenome do editor: Faria e Silva. A marca do editor estará, portanto, impressa em todos os livros. A ideia do logotipo como um ex-libris (esse livro pertence a…) traz a presença do editor, como assinatura nos livros escolhidos para compor o catálogo da casa.
Com foco em autores brasileiros, mas não limitado a eles, a editora está alicerçada em quatro eixos editoriais:
Texto em transe – literatura de autores contemporâneos, que tragam alguma disruptura, seja nos padrões estéticos e estruturais do gênero narrativo, seja no tema e teor ético abordados.
Lume novo – literatura dos futuros novos clássicos da literatura brasileira, com autores consagrados e ainda em franca atividade literária.
Tarumã (homenagem a inquebrantável árvore brasileira) – literatura dos autores clássicos e suas obras desconhecidas, seja ficção ou não ficção.
Camaleão – novelas gráficas ou história em quadrinhos autorais, conceituais e com traços e texturas diferenciadas, cada álbum assumirá uma identidade própria, assim também o logo do selo será adaptado a cada álbum.
O primeiro livro lançado na coleção Texto em transe será o Mundos de uma noite só, de Renata Belmonte. Tanto o desenho do selo quanto o projeto gráfico do livro são de autoria da Entrelinha.
A capa traz um relicário e na corrente desse objeto é que a história se mostra. Há, no desenho feito com a corrente, as três irmãs, os filhos, o casamento e as histórias entrelaçadas. Na orelha do livro, no desdobramento do relicário aberto, há uma foto, que pode ser interpretada de diversas maneiras, depois da leitura da obra.
O livro (que é arrebatador!) será lançado em março, o convite segue abaixo e estão todos convidados.
O enigma do infinito, escrito por Jacques Fux e ilustrado por Raquel Matsushita (Editora Positivo) é um livro quebra-cabeça, cujas peças são pura matemática e literatura. Ao pensar no caminho para as ilustrações, mantive a referência dessas duas ciências que o texto traz.
A literatura é narrativa
Fui em busca de uma narrativa visual para os capítulos, que são pílulas independentes, mas possuem um fio condutor. A frase impressa na primeira página do livro dá uma dica ao leitor: “Queria a língua que se falava antes de Babel” (depoimento de Guimarães Rosa). Em seguida, há uma sequência de duas duplas ilustradas com lombadas de livros dispostos numa prateleira. Um deles, é o próprio Enigma do infinito, que se destaca por ser o único a estar inclinado. Entramos, então, na leitura do texto. No decorrer das páginas, o leitor atento percebe que os livros citados no texto são os mesmos dispostos na prateleira.
Cada capítulo ganha uma ilustração de abertura e uma dupla seguinte,
que completa uma mini-narrativa visual (as cores e as captulares me ajudaram
com isso). Temos, portanto, pequenas narrativas dentro de uma história maior.
Retomada da narrativa
O último capítulo traz a biblioteca de Babel como tema. A partir daí, há uma sequência só de imagens, que retoma as lombadas dos livros na prateleira. O enigma do infinito aparece, mas é o livro A biblioteca de Babel (do Borges) que agora ganha destaque pela inclinação. As páginas seguintes revelam, por se afastarem da prateleira, que estamos dentro da própria Biblioteca de Babel. A leitura do livro é, portanto, um passeio pela biblioteca, que contém todos os livros citados neste, que estamos lendo.
Carimbos modulares, combinações infinitas
A referência matemática aparece na geometria e ângulos das ilustrações. As imagens foram feitas com carimbos que fiz numa oficina, gravados a laser, com formas geométricas. Os carimbos são modulares e, por isso, dão margem para infinitas combinações. Com eles, criei imagens bastante figurativas, ainda que, alguns detalhes abstratos, no contexto, são inteligíveis como figura. Usei também carimbos tipográficos como suporte. As ilustrações são repletas de enigmas a serem descobertos pelo leitor.
Era uma vez 20 (Editora Brinque Book, selo Escarlate) traz, de um lado, 10 grandes brasileiras que marcaram o Brasil. Do outro, os grandes brasileiros que fizeram história.
Escrito por Luciana Sandroni, o texto aborda breves biografias, retratadas por Natália Calamari (desenha os brasileiros) e Guilherme Karsten (desenha as brasileiras).
O livro é impresso com três pantones (laranja, verde e azul) e suas porcentagens e sobreposições. As cores ajudam o leitor a se localizar, já que na parte das mulheres a predominância é do laranja, enquanto na parte dos homens, é verde. Essa distinção é perceptível inclusive com o livro fechado, pela lateral das páginas. A cor azul entra como base na composição de ambos os lados.