O livro Carmen, a grande pequena notável (Edições de Janeiro), escrito por Heloisa Seixas e Julia Romeu, ilustrado por Graça Lima, com projeto gráfico da Entrelinha, encerra o ano de 2014 com muita alegria, cheio de cores.
Na mesma linguagem visual das ilustrações, o projeto gráfico foi inspirado no movimento art déco, em voga quando Carmen Miranda explode nas rádios. A tipografia utilizada no título na capa e das captulares do miolo, por exemplo, foi criada em 1929, por A. M. Cassandre: alfabeto Bifur. O texto em cada dupla está inserido em um box com adornos e capitular que também remetem à esse período.
A biografia de Carmen é narrada de forma cronológica. No início do livro, quando Carmen ainda era criança, as cores utilizadas nas ilustrações e no projeto gráfico são brandas, cada dupla recebe uma paleta de cor reduzida.



A medida em que Carmen alcança notoriedade, as cores das ilustrações e do projeto gráfico ganham força e vivacidade. O aumento de cores da paleta acompanha, visualmente, a narrativa do livro, a agitação que se transformou a vida de Carmen após a fama.



Para ver mais sobre esse livro, visite o site da Entrelinha Design.
Um pouco sobre a art déco
Art Déco não foi exatamente um movimento, mas um estilo que influenciou várias áreas, como a arquitetura, as artes plásticas, o design gráfico e o design industrial. Surgido na década de 1920 em Paris, ganhou força nos anos 1930 na Europa e nas Américas. Embora deva muito de sua formação ao Art Nouveau, cuja arte era mais rebuscada, com curvas livres e o uso de ornamentos, o estilo Art Déco procura um design mais simples e geométrico, ainda que requintado e luxuoso.
Considerado uma tentativa de modernizar o Art Nouveau, que produzia peças muito caras para o consumo em massa, o Art Déco utilizava-se da produção em série para baixar o custo das obras. Ao contrário da Bauhaus, que pregava um design funcionalista, a Art Déco enfatizava o valor decorativo dos objetos.
Nesse período, inúmeros desenhos de tipos foram criados com características da arte decorativa. O tipógrafo Jan Tschichold lançou em 1928 a revista Die Neue Typographie, que se tornou referência dessa arte. Foi um momento de grande experimentação tipográfica; a partir de letras sem serifa, surgiram tipos elegantes, com grande contraste entre as hastes e os diferentes pesos.

As formas déco traduzem o modernismo cosmopolita da época, com ênfase na exaltação da monumentalidade. Essa atração pelo monumental traduzia uma época em que o poder industrial das máquinas e a expansão capitalista serviam uma sociedade ávida pelo consumo e pelo prazer. Era o novo-riquismo da Golden Age.
Na arquitetura, o fascínio pelo grande era marcado pelos arranha-céus, como o marcante Chrysler (1930) em Nova York, que combinavam elementos neogóticos com grandes linhas verticais.
O estilo déco era facilmente identificado em capas de revistas, cartazes e livros, com a utilização de desenhos geométricos e sofisticados simultaneamente.

Extraído do livro Fundamentos gráficos para um design consciente (Musa Editora).