bate-papo sobre o mínimo múltiplo comum

Nessa sexta, dia 26/03/21, às 19h30, estarei na live do Clube Literário do Centro Cultural Fiesp. A conversa será ao vivo pelo Youtube do Centro Cultural Fiesp.

Vamos? Link da transmissão: https://www.youtube.com/watch?v=jKAV10W9mbY 

Ganhei essa resenha-ouro de presente do meu querido e admirado escritor Jacques Fux.

Livro: Mínimo Múltiplo Comum
Autora: Raquel Matsushita
Editora: Sesi-SP, 2018

No texto “Eu e ela”, de Natalia Ginzburg, publicado em seu encantador As pequenas virtudes, a narradora constrói com maestria e sutileza, uma relação amorosa que hoje chamaríamos de “tóxica”: “Ele não melhora, em mim, a indecisão, a incerteza em cada ação, o sentimento de culpa. Costuma rir e caçoar por qualquer coisa que faço. Se vou às compras no mercado, ele às vezes me segue, escondido, e me espia. Depois debocha de mim pelo modo como fiz as compras, como sopesei as laranjas na mão, escolhendo cuidadosamente, ele diz, as piores de todo o mercado, zomba porque demorei uma hora nas compras, comprei cebolas numa banca, em outra aipo, em outra as frutas. Às vezes é ele quem faz as compras, para me mostrar como se pode fazê-lo muito mais rápido: compra tudo numa única banca, sem titubeio; e consegue que mandem o cesto para casa. Não compra aipo, porque não o suporta”. No belo livro de Raquel Matsushita, Mínimo Múltiplo Comum, há também um texto, “Meu melhor amigo”, que, com a mesma cadência e singeleza de Ginzburg, nos açoita, espanta e nos incomoda: “Quando conheci meu melhor amigo, brincava sozinha no parquinho do prédio. Me mostra o que você sabe fazer nesse trepa-trepa, ele falou. Ficou bobo e até aplaudiu quando fiquei de cabeça para baixo! Depois de um tempo, ele me convidou para tomar chá da tarde com bolo e tudo na casa dele. Eu não quis porque não gosto de chá. Então ele trocou por suco de uva. Uma delícia. Perguntou o que não podia comer na minha casa. O leite condensado, mamãe não compra, diz que não serve para nada, só para engordar. Na segunda vez que me chamou tinha bolo formigueiro, suco de uva e leite condensado”.  

Os mínimos relatos com múltiplas leituras e sensações que, muitas vezes, também nos são comuns, permeiam o belo trabalho da autora. Escritos com aparente simplicidade, com cadência e singeleza espoem e desnudam os textos-corpos do livro – não por acaso: o próprio design e a concepção da parte visual do livro são de impressões do próprio corpo, da pele crua e nua, da epiderme ampliada, rasgada e estilizada da autora. Raquel Matsushita é designer e ilustradora premiada, autora de livros para crianças e adultos. Vencedora de dois Jabutis e os prêmios da Biblioteca Nacional e da Fundação Nacional do Livro Infantil e Juvenil (FNLIJ).

E assim, com uma voz potente e feminina, a narradora descreve a sua visão do mundo a partir dos mínimos atos e fatos que perpassam e engrandecem os sentimentos dos seres humanos.   

Para o escritor João Anzanello Carrascoza: “Mínimo: porque agrupa um conjunto de contos de curta extensão, cortantes em seus desfechos. Porque diz o máximo com suas poucas palavras e seus imensos silêncios. Porque as frases, breves mas contundentes, armam com rapidez o cenário das tramas que nos sugam de imediato a atenção. Porque, no mínimo, traz uma nova voz à cena literária brasileira. Múltiplo: porque revela mais uma habilidade de Raquel Matsushita; a de criar narrativas para o leitor adulto, somando-se a seu talento de designer premiada (lindos são seus projetos editoriais) e à sua sensibilidade como autora de obras infantis. E, sobretudo, porque os contos exibem um variado espectro humano – pais, mães, tios, avós, amigos, amantes, flagrados em seus dias ordinários sob a ótica das inevitáveis (e, às vezes, brutas) mudanças. Comum: porque as histórias se alicerçam naquilo que é nuclear da condição humana – os sentimentos de posse, os desencantos, as traições, os embates cotidianos (prosaicos e profundos), e, igualmente, os instantes de comunhão, de contentamento, de êxtase, de alta voltagem erótica. Mínimo Múltiplo Comum: sal para os dias frios e insossos da nossa literatura.”

Além disso, a profundidade e diversidade dos textos nos coloca a pensar: como classificar o livro da autora? Contos, crônicas, sentimentos, sensações, invocações, provações, incitações, paixões? Importa classificar, afinal o Mínimo Múltiplo Comum é tudo isso junto e delicadamente misturado – e qualquer tentativa de classificação é limitadora, como prova Borges em seu famoso “O idioma analítico de John Wilkins” – utilizando seus recursos ficcionais e críticos, apresenta uma classificação ambígua, atribuindo a um certo Franz Kuhn, sinólogo contemporâneo: “a) pertencentes ao Imperador; b) embalsamados; c) domesticados; d) leitões; e) sereias; f) fabulosos; g) cães em liberdade; h) incluídos na presente classificação; i) que se agitam como loucos; j) inumeráveis; k) desenhados com um pincel muito fino de pelo de camelo; l) et caetera, m) que acabam de quebrar a bilha; n) que de longe parecem moscas.”

Mínimo Múltiplo Comum é um livro delicado, sensível, sutil – um trabalho que convida o leitor a perscrutar o próprio corpo e sua visão de mundo; uma busca pelo que é comum, múltiplo e mínimo, embora vasto e único.  

Jacques Fux

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Coleção Lobato

A primeira leva da obra reeditada de Monteiro Lobato pela Sesi-SP Editora traz oito livros. Para cada volume, foi convidado um ilustrador. Participaram desse projeto artistas brasileiros e portugueses. Nesse lote, os ilustradores foram: Anabella López, Cátia Vidinhas, David Penela, Guazzelli, Jorge Mateus, José Saraiva e Psonha. O projeto gráfico, criado pela Entrelinha, tem como referência a época áurea dos livros escolares criados por Lobato. O passado histórico foi redesenhado sob um viés contemporâneo.

As publicações dos chamados livros escolares de Lobato (1921 a 1931) foram a base de pesquisa para criação visual dessa coleção. A quarta capa é assinada por Magno Silveira, que deu todo o suporte para a pesquisa iconográfica do projeto.

Na capa, foi escolhida uma tipografia art deco no nome do autor, cujo desenho geométrico é potencializado pelo uso de duas cores. No título, foi aplicada uma tipografia racionalista que cabe para todos os volumes.

Cada livro possui um duo-base de cores trabalhado na capa e no miolo.

A partir das letras ML, foi criado um ex-libris – uma referência da época, conceito de propriedade (este livro pertence a…) –, com espaço para o leitor escrever o próprio nome. Esse ex-libris está impresso na primeira página do miolo.

Aplicação de moldura ilustrada com vinhetas no sumário e captulares marcantes no início dos capítulos – recursos utilizados nos livros escolares do Lobato – também foram transportados para esse projeto.

No miolo, foi aplicada uma tipografia contemporânea e serifada no texto, intercalado por ilustrações de página inteira.

As ilustrações de capa invadem também a quarta capa, trazendo ainda mais o leitor para a cena.

Catálogo de perdas no prêmio literário da BN 2018

Com imensa alegria, comemoramos o Prêmio Literário da Biblioteca Nacional 2018 para o livro Catálogo de perdas (Sesi-SP Editora), contos de João Carrascoza, fotos de Juliana Carrascoza e projeto gráfico de Raquel Matsushita, no terceiro lugar da categoria Projeto gráfico • Prêmio Aloísio Magalhães. VIVA!

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Os contos desse livro possuem um “personagem” em comum: a perda. São narrativas que se apropriam desse mote para contar uma história. Tomei essa ausência como conceito na criação do projeto gráfico. Saiba mais sobre o processo de criação.

O livro ganhou também em duas categorias (Projeto gráfico e Jovem) do prêmio FNLIJ 2018.

Veja a lista completa  do Prêmio Literário da Biblioteca Nacional 2018. Parabéns a todos os vencedores!

festa do MMC

Mínimo, múltiplo, comum (Sesi-SP Editora), escrito e ilustrado por Raquel Matsushita, é um livro de contos para o leitor adulto.

A festa de lançamento foi uma imensa alegria para mim. Agradeço imensamente a todos que vieram, fizemos juntos um lindo encontro afetivo! Uma alegria constatar a capacidade do livro em reunir, em vários sentidos e circunstâncias, o mais valioso da vida: as pessoas.

Aos que não puderam ir, convido para conhecer mais sobre o livro no post do blog e no site da Entrelinha.

Abaixo, um álbum do lançamento ❤

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Mínimo, múltiplo, comum (Sesi-SP Editora), escrito e ilustrado por Raquel Matsushita, é um livro de contos para o leitor adulto.

Na capa, o lettering do título é carimbado em grande proporção integrando-se com a imagem de fundo, uma gravura impressa em duas cores por toda extensão da capa. Foi aplicado um alto relevo no título, como um queloide de uma cicatriz, invocando o sentido do tato. O formato pequeno do livro é também um convite ao tato. É gostoso de pegar.

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O miolo foi impresso com 1 cor pantone, numa narrativa que se inicia de forma visual com uma sequência de imagens, provocando o olhar do leitor. Nesse sentido, há um estímulo anterior à leitura dos contos, que instiga para um viés sensível, convidando para um outro ritmo de leitura, a partir de uma posição inesperada.

As imagens, numa sequência narrativa abstrata, são gravuras impressas em uma cor no papel pólen bold. A própria tonalidade do papel faz as vezes de uma segunda cor para as gravuras.

O livro termina com uma outra sequência narrativa de gravuras. Os contos, diagramados em forma de texto corrido, encontram-se, portanto, concentrados entre essas duas sequências imagéticas. O leitor, num jogo cíclico, entra e sai da experiência da leitura dos contos por meio de imagens.

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Texto de quarta capa, por João Anzanello Carrascoza

“Eis uma estreia como o sol nascendo, vigoroso, num dia estupidamente de verão: Mínimo Múltiplo Comum. Mínimo: porque agrupa um conjunto de contos de curta extensão, cortantes em seus desfechos. Porque diz o máximo com suas poucas palavras e seus imensos silêncios. Porque as frases, breves mas contundentes, armam com rapidez o cenário das tramas que nos sugam de imediato a atenção. Porque, no mínimo, traz uma nova voz à cena literária brasileira. Múltiplo: porque revela mais uma habilidade de Raquel Matsushita; a de criar narrativas para o leitor adulto, somando-se a seu talento de designer premiada (lindos são seus projetos editoriais) e à sua sensibilidade como autora de obras infantis. E, sobretudo, porque os contos exibem um variado espectro humano – pais, mães, tios, avós, amigos, amantes, flagrados em seus dias ordinários sob a ótica das inevitáveis (e, às vezes, brutas) mudanças. Comum: porque as histórias se alicerçam naquilo que é nuclear da condição humana – os sentimentos de posse, os desencantos, as traições, os embates cotidianos (prosaicos e profundos), e, igualmente, os instantes de comunhão, de contentamento, de êxtase, de alta voltagem erótica. Mínimo Múltiplo Comum: sal para os dias frios e insossos da nossa literatura.”

SER SIMPLES FAZ SENTIDO, posfácio por Jorge Miguel Marinho

“Crônicas ou contos? Nem gênero nem gênese. Melhor chamar de instantes de ficção ou simples questão de acordo literário. Casamento de palavra e emoção poética, feliz encontro de realidade e imaginário, o real em trânsito de comunhão com a fantasia. Ficção centrada em histórias comuns, anônimas e tão familiares, literatura viva e vivida.

Ser simples faz muito sentido.

Raquel Matsushita sente e escreve, casa a linguagem com a vida, extrai da simplicidade de ser e escrever coisas alegres e coisas doídas com forte dimensão humana.

Essência emotiva e emoção na essência.

É assim que acontece a criação literária da Raquel que joga contra e a favor da condição humana, sempre plena de tensão significativa. Poesia prosaica e prosa com poesia, literatura por dentro da realidade, expressão existencial do que acontece de repente. Instantâneos de amor, sentimento de falta, ausência do que pode ser e não é. O acaso de existir.

Registro poético quase sem intermediação, escritora e escritura unidas pelo sentido de encontro e de comunhão.

Paixão, sempre paixão em ritmo de denúncia sofrida por ela que escreve e pelos outros que apenas buscam viver. Ou sobreviver. No fundo e pela força de uma possível poética da simplicidade, permanente promessa de um mundo melhor.

Existência e revelação na palavra literariamente sentida.”

LANÇAMENTO

Todos convidados para um happy hour de lançamento do livro: sexta, dia 26/10/18, a partir das 19h, no bar Canto Madalena. Vem?

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Para ver mais, clique aqui.

Prêmio FNLIJ 2018

É com enorme alegria que comemoramos o prêmio FNLIJ 2018 para dois livros:

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  • Categoria Melhor projeto editorial e categoria Jovem:
    Catálogo de perdas
    , contos de João Anzanello Carrascoza; fotos de Juliana Carrascoza; capa e projeto gráfico de Raquel Matsushita. Sesi-SP Editora.
    Veja mais sobre o livro no blog e no site da Entrelinha.

 

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  • Categoria Literatura em língua portuguesa:
    Infâncias – aqui e além mar, poesias de José Jorge Letria e José Santos; ilustrações de Cátia Vidinhas e Guazzelli; capa e projetográfico de Raquel Matsushita. Sesi-SP Editora.

Para ver a lista completa dos vencedores, clique aqui.

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“Catálogo de perdas” (Sesi-SP Editora) é o novo livro de João Anzanello Carrascoza, com fotos de Juliana Monteiro Carrascoza e projeto gráfico de Raquel Matsushita (Entrelinha Design).

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Os contos desse livro possuem um “personagem” em comum: a perda. São narrativas que se apropriam desse mote para contar uma história. Tomei essa ausência como conceito na criação do projeto gráfico.

A capa sofre um corte transversal (faca especial) e, ainda assim, é capaz de abrigar o título, os autores, o logotipo da editora. Ou seja, apesar da perda, a capa continua sendo uma capa.

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A dobradura da capa esconde parte de uma foto, uma memória, que, por sua vez, se estende até a quarta capa. A foto, que representa uma lembrança, é o que fica por trás de uma perda.

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A ideia da ausência se repete nas letras em grande dimensão, que se encontram em ordem alfabética junto ao título de cada conto. Há um corte transversal no desenho da letra, e mesmo com a ausência de uma parte, ela se mantém reconhecível.

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O título dos contos é um objeto significativo de cada história. A partir desse objeto, desenvolve-se duas narrativas: uma de texto e outra de foto. O projeto gráfico valoriza a força particular de cada uma delas, prevendo a leitura em separado. No entanto, o título está posicionado de forma a compor com ambas as narrativas. Isso foi possível aplicando uma dobra em todas as páginas do miolo.

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O livro foi impresso pela gráfica Ipsis, no papel couchê furioso, com uma cor pantone (bege) + dois tons de preto, o que resultou numa impressão gráfica impactante.

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O lançamento acontece no dia 09/11/2017, às 19h30, na Livraria da Vila – Fradique Coutinho. Estão todos convidados!

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O livro Não, sim, talvez de Raquel Matsushita e Ionit Zilberman (Sesi-SP Editora) está entre os finalistas do 58 Prêmio Jabuti na categoria livro digital. 

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O livro conta a trajetória de amadurecimento de um menino muito perguntador que, inicialmente, fica contrariado quando há diferentes respostas para uma única questão. O personagem recebe diferentes respostas da mãe e da irmã. A mãe dialoga de maneira concreta e didática, embora não tenha resposta pra tudo. Já a irmã responde de maneira lúdica, ora zombando, ora acolhendo, relação típica entre os irmãos. Com o passar do tempo, o menino se dá conta de como é interessante ter diferentes pontos de vista e transforma-se num colecionador de respostas.

A história enfatiza a importância de adquirir conhecimento para que a criança possa criar a sua própria visão e dar voz à sua verdade. O livro põe em dúvida e expõe a dureza das chamadas “verdades absolutas”, logo na primeira página do livro, com a seguinte pergunta: quantas respostas uma pergunta pode ter?

A narrativa valoriza as perguntas, tão comuns às crianças, e mostra que o aprendizado não é tarefa fácil. Um esforço que vale a pena cultivar desde cedo para que a criança aprenda a pensar e agir por si.

A passagem do tempo é abordada na narrativa verbal e visual ao mostrar o amadurecimento intelectual e corporal do personagem. O livro mostra a relevância de “dar tempo ao tempo” para alcançar respostas genuínas, com reflexão, em oposição à uma sociedade ávida por respostas imediatas, que, muitas vezes, não correspondem à essência do sentimento. Portanto, o tempo aparece como ferramenta essencial a ser considerado para agregar não só o conhecimento geral, mas também de si próprio.

A linguagem visual das ilustrações reforça a ideia de agregar conhecimento, à medida em que as imagens se tornam mais complexas no decorrer da história. No início, as ilustrações possuem fundo branco, com desenhos em uma dimensão (sem volume, sem sombra). Conforme o menino faz as perguntas, as imagens ganham força com o fundo preenchido com a sobreposição de papéis pintados. No final, o personagem alcança uma nova dimensão ao ser desenhado em um papelão e colado nos papéis sobrepostos.

Confira a lista completa do Prêmio Jabuti aqui.
Para ver mais do livro, clique aqui.

para começar o ano com vigor

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Na próxima quarta, dia 04 de fevereiro, na Livraria Martins Fontes (av. Paulista, 509), haverá o lançamento do livro A vida é logo aqui, Sesi-SP Editora, organização de Nelson de Oliveira, com um time de escritores valiosos. Todos estão convidadíssimos!

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O livro – projeto gráfico e ilustrações da Entrelinha – contém 15 contos juvenis. Nas palavras do organizador, “os contos reunidos nesta coletânea para jovens nos mostram, cada um à sua maneira, o ponto de vista de 15 adolescentes brasileiros diante dos horizontes descortinados na passagem para a vida adulta.”

Essa passagem para a vida a adulta traz um conflito natural: o jovem não é mais criança, tampouco um adulto feito. Esse momento de passagem abre uma brecha, um lugar de incertezas, um não-pertencimento de lugar algum. O jovem não se encaixa nem cá, nem lá. O projeto gráfico sugere esse deslocamento de maneira visual. Na abertura de cada conto a imagem encontra-se enquadrada na dupla e nas páginas seguintes, a mesma ilustração aparece deslocada propositalmente, junto a biografia do autor. Na capa e nas páginas iniciais também há um estranhamento “fora de lugar” dos elementos (texto e imagem).

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Cores

A paleta de cor é vasta, há sempre a transformação de uma cor em outra para reforçar a ideia de transição, de movimento. As aberturas são, portanto, bastante coloridas. As cores variam de intensidade de acordo com o clima de cada história. Na capa há ainda a impressão do vermelho vívido e intenso em cor especial (pantone).

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Tipografia

A fonte escolhida para o título e abertura dos capítulos é uma manuscrita intensa, carregada de liberdade e certa rebeldia. Qualquer semelhança com o público jovem não é mera coincidência. Nas biografias do autor foi utilizada uma fonte manuscrita mais contida, um meio-termo entre o desenho tipográfico do título e do texto corrido. No texto corrido foi aplicada uma tipografia serifada, clássica, de boa legibilidade, numa mancha comportada e com margens brancas generosas.

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Para ver mais, visite o site da Entrelinha Design.

 

a festa do jabuti

jabutis_faceOntem, dia 18/11/2014, houve a grande festa de entrega do 56º Prêmio Jabuti, no qual os livros Alfabeto escalafobético (texto de Claudio Fragata e ilustrações de Raquel Matsushita, Jujuba Editora) ganhou o 1º lugar na categoria Didático e Paradidático; e o livro Graffiti – Fine Art (Sesi-SP Editora) ficou em 2º lugar, na categoria Capa.

O anúncio de ambos os livros no telão foi uma grande e emocionante alegria. A subida ao palco, junto com o autor Claudio Fragata e a editora Daniela Padilha, para recebermos o troféu de 1º lugar também foi um momento que ficará guardado para sempre. A sensação de receber dois prêmios dessa magnitude é indescritível.

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Ao final da entrega dos troféus de todas as categorias, foi solicitada a presença de todos os premiados no palco, para um grande brinde ao livro. A soma da alegria individual de se ganhar um Jabuti resultou em uma grande vibração conjunta, de enorme força e espírito de parceria entre os participantes.

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Alegria tripla de Claudio Fragata e Daniela Padilha na comemoração do nosso Alfabeto escalafobético.

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Meus grandes parceiros Rodrigo de Farias e Paula Loreto, da Sesi-SP Editora, na celebração pelo nosso prêmio de capa com o livro Graffiti – Fine Art.

Depoimentos

Foram publicados em mídia social pela Câmara Brasileira do Livro (CBL) os nossos depoimentos acerca do Prêmio Jabuti.

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“O prêmio Jabuti possui grande valor acadêmico, técnico e cultural. Receber esse prêmio é atestar o reconhecimento desse valor no trabalho  do designer como parte integrante do processo de criação de um livro. O Jabuti, importante termômetro da produção de livros no Brasil, enaltece não somente o livro em si, mas também o criador. A valorização do profissional na área de design gráfico é fundamental para alimentar o círculo virtuoso do bom design. Além do valor estético, o design possui também um valor de negócio: o bom design vende mais. A valorização do design contribui na boa formação do designer, que, por sua vez, exerce um trabalho de melhor qualidade. É um círculo virtuoso no qual o prêmio Jabuti está inserido.” Raquel Matsushita

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“Sem dúvida, o Prêmio Jabuti é a mais alta forma de reconhecimento concedida a um autor brasileiro. É o endosso de que o criador fez escolhas técnicas e estéticas acertadas e de que sua obra tem significado cultural. É uma espécie de divisor de águas: posso definir minha carreira de escritor em “antes e depois” do Jabuti.” Claudio Fragata

“Receber um prêmio dessa magnitude é a certificação do reconhecimento do nosso trabalho como colaboradores na construção do processo da educação infantil. É um orgulho imenso fazer parte da formação dos pequenos leitores.” Raquel Matsushita

Agradecimentos

Agradeço pela intensa troca que me proporcionou Claudio Fragata, a quem admiro há tempos, para fazermos o livro em perfeita harmonia. Igualmente valiosa é a parceria e a confiança dos editores – Daniela Padilha, Paula Loreto e Rodrigo de Farias – para que possamos continuar com este fascinante trabalho de “fazedores de livros”, que tanto nos une. Ganhar o Prêmio Jabuti é uma confirmação de que nosso trabalho vale a pena.

Muito obrigada!

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Para ver mais sobre todas as categorias premiadas, clique aqui.
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