Arquivos mensais: Dezembro 2015
graffiti tridimensional
O irmão mais novo do Graffiti Fine Art chegou! Trata-se do segundo livro de arte da coleção Bienal Internacional Graffiti Fine Art (Sesi-SP), com projeto gráfico da Entrelinha Design.
A III Bienal Internacional do Graffiti, que aconteceu no prédio da Bienal neste ano, reuniu grandes artistas da arte urbana. Muitos deles apresentaram uma arte tridimensional, que foi além dos muros e conquistou objetos como ônibus, instalações, bonecos, estruturas tridimensionais criadas exclusivamente para sustentar a arte urbana.
Essa característica da tridimensionalidade do grafite foi o principal norte para a criação do projeto gráfico da capa do livro, que é uma reprodução da obra do coletivo SHN. O grupo montou na exposição uma grande estrutura quadrada ao redor de uma pilastra e a encapou com cartazes lambe-lambe. Ao aproximar as extremidades das grandes orelhas da capa, o leitor monta a reprodução da obra.
A estrutura da capa do livro passa a ser o próprio elemento criado pelo coletivo e também uma representação de um muro, suporte primeiro da arte urbana. Para a fiel representação da obra não foi aplicado o título e logo da editora na capa mas, sim, na cinta que a envolve.
O verso da capa da primeira orelha compõe a imagem do ônibus que se estende até a primeira página do miolo. Já o verso da segunda orelha compõe com a última página do mioloa imagem da menina. Dessa forma, o muro interno que se forma também se torna uma representação tridimensional da arte urbana.
Na exposição havia vários bonecos – feitos pelo artista Tinho – espalhados pelos cantos e arredores do espaço. Ao caminhar pelos andares da Bienal era impossível não se deparar com eles. No miolo do livro essa ideia se repete, os bonecos aparecem como personagens, nas aberturas das seções e páginas informativas, como sumário.
As páginas são apresentadas em uma diagramação que favorece o aspecto artístico das obras, com ênfase em detalhes quando indispensável. O texto referente a cada participante acompanha sua obra sobre um fundo de cor que varia de acordo com a paleta de cores usada pelo próprio artista.
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a bola do vizinho
Imagine que o seu vizinho tem uma bola e você quer uma maior do que a dele. Então, você aparece com uma bola grande e ele quer uma maior do que a sua. Onde isso vai parar?
A bola do vizinho, de Raquel Matsushita (Editora Positivo) é um livro de imagem que usa a estrutura do próprio livro e muitas cores para contar uma história.
A cerca da capa ocupa também as orelhas e transforma a própria estrutura do livro num grande cercado que contém o miolo ao centro.
Na história os personagens dividem-se em dois campos de disputa, com a cerca impressa no centro do livro (costura) como se continuasse lombada adentro. As páginas pares são território da menina e as ímpares, do menino.
O fundo das páginas é branco em contraste com o colorido das bolas, para reforçar a invasão de espaço que as bolas ocupam no decorrer da narrativa. O desenho das bolas foi feito com carimbos de números crescentes, de 1 a 9.
Para comprar o livro no site da Editora Positivo, clique aqui.
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o livro negro
Quando me descobri negra (Sesi-SP Editora), de Bianca Santana com ilustrações de Mateu Velasco e projeto gráfico da Entrelinha Design reúne relatos sobre a dificuldade de assumir a identidade negra no Brasil. O livro, dividido em três partes — “Do que vivi”, “Do que ouvi” e “Do que pari” — conta histórias que revelam, sem agressividade, o racismo.
Na capa, um forte pantone laranja aplicado ao título garante contraste com o fundo preto e branco da ilustração. A capa sugere a mesma vitalidade com que a autora trata do assunto.
A cor negra é a essência do projeto gráfico desse livro. Apenas a primeira e a última página do miolo são brancas. Já na segunda página, a cor negra tinge o fundo branco, de maneira quase acidental, assim como no primeiro relato do livro, no qual a história revela a apropriação da autora em relação ao fato de ser negra.
No decorrer da leitura, os relatos, da autora e de terceiros, se apropriam da identidade negra e as páginas permanecem com fundo negro até a última dupla. Se, no início da leitura a cor escura de fundo chama a atenção por não ser usual – normalmente as páginas dos livros são brancas –, no decorrer das páginas, com os olhos familiarizados a esse padrão de cor, já não faz diferença se o fundo é negro ou branco.
Na penúltima página do miolo, a tinta negra aparece cobrindo o fundo branco, ao contrário do início do livro, de maneira intencional, em sintonia com o próprio olhar da autora, que, no decorrer dos relatos, se apropria ativamente de sua identidade.
O movimento intencional e ativo da tinta sobre a página branca alerta que o empenho contra o racismo é um tema em construção.
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