Alegria altamente recomendável

Dois livros produzidos aqui na Entrelinha receberam o selo de Altamente recomendável da FNLIJ. Alegria pura!

O enigma do infinito
texto de Jacques Fux e ilustração de Raquel Matsushita
projeto gráfico: Entrelinha Design
Editora Positivo

Mais sobre o livro aqui.

Era uma vez 20 – Pequenas histórias de 10 grandes brasileiras(os) que marcaram o Brasil
texto de Luciana Sandroni e ilustrações de Natalia Calamari e Guilherme Karsten
projeto gráfico: Entrelinha Design
Editora Escarlate

Mais sobre o livro aqui.

Infinitos enigmas

O enigma do infinito, escrito por Jacques Fux e ilustrado por Raquel Matsushita (Editora Positivo) é um livro quebra-cabeça, cujas peças são pura matemática e literatura. Ao pensar no caminho para as ilustrações, mantive a referência dessas duas ciências que o texto traz.

A literatura é narrativa

Fui em busca de uma narrativa visual para os capítulos, que são pílulas independentes, mas possuem um fio condutor. A frase impressa na primeira página do livro dá uma dica ao leitor: “Queria a língua que se falava antes de Babel” (depoimento de Guimarães Rosa). Em seguida, há uma sequência de duas duplas ilustradas com lombadas de livros dispostos numa prateleira. Um deles, é o próprio Enigma do infinito, que se destaca por ser o único a estar inclinado. Entramos, então, na leitura do texto. No decorrer das páginas, o leitor atento percebe que os livros citados no texto são os mesmos dispostos na prateleira.

Cada capítulo ganha uma ilustração de abertura e uma dupla seguinte, que completa uma mini-narrativa visual (as cores e as captulares me ajudaram com isso). Temos, portanto, pequenas narrativas dentro de uma história maior.

Retomada da narrativa

O último capítulo traz a biblioteca de Babel como tema. A partir daí, há uma sequência só de imagens, que retoma as lombadas dos livros na prateleira. O enigma do infinito aparece, mas é o livro A biblioteca de Babel (do Borges) que agora ganha destaque pela inclinação. As páginas seguintes revelam, por se afastarem da prateleira, que estamos dentro da própria Biblioteca de Babel. A leitura do livro é, portanto, um passeio pela biblioteca, que contém todos os livros citados neste, que estamos lendo.

Carimbos modulares, combinações infinitas

A referência matemática aparece na geometria e ângulos das ilustrações. As imagens foram feitas com carimbos que fiz numa oficina, gravados a laser, com formas geométricas. Os carimbos são modulares e, por isso, dão margem para infinitas combinações. Com eles, criei imagens bastante figurativas, ainda que, alguns detalhes abstratos, no contexto, são inteligíveis como figura. Usei também carimbos tipográficos como suporte. As ilustrações são repletas de enigmas a serem descobertos pelo leitor.

As páginas de Elvira Vigna

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Desconstruir para reconstruir: reflexo de uma página em branco    @Raquel Matsushita

texto e ilustração: Raquel Matsushita

Elvira era uma construtora de literatura, da boa. Tanto da escrita como do desenho. Escreveu romances para adultos e livros para infância. Ilustrou vários livros infantis. Foi reconhecida e premiada em ambas carreiras. Era completa na sua incompletude. Por meio das suas narrativas, ela constrói um leitor ativo. De que maneira? Com a falta, as lacunas que deixa em aberto. Ela nos dá de presente o desafio de pensar. Uma página em branco. Preenchemos tais lacunas, ainda que não todas, com o que nos toca. Há uma intersecção entre o que ela escreve e o que faz sentido para nós, leitores. Sob esse aspecto, compreendemos as palavras dela: “eu escrevo chorando. Não é o motivo principal de escrever sozinha, isolada, mas é um dos motivos. É vergonha, porque de fato escrevo chorando pitangas. Aí, quando a pessoa chega perto de mim e chora também, eu acredito que ela tenha me entendido, e eu entendido ela. A gente está muito próximo.” Elvira não subestima o leitor, ao contrário, confia nele, cria uma parceria cúmplice, chega perto. Ela instiga, provoca e a gente sela essa união.

Quando eu lia o último romance dela, com o qual ela nos instiga já no título – Como se estivéssemos em palimpsesto de putas –, a editora de literatura da Positivo me convidou para ilustrar um livro da autora: Uma história pelo meio, reedição da obra de 1982. Aceitei na hora, pois estava completamente envolvida com Elvira pela leitura do romance adulto. Era como se eu, tão próxima dela, não pudesse negar. O meu desejo era realmente fazer o trabalho, mas sabia que enfrentaria um grande desafio pela frente porque a tal cumplicidade entre ela e o leitor – entre nós duas, portanto –, é uma cumplicidade de dois gumes. Nas palavras dela, “o escritor desestabiliza o leitor, procura fazer com que ele não tenha seus anseios atendidos – pelo contrário, faz com que tenha as suas certezas abaladas. É isso que qualquer arte digna do nome faz: destrói certezas, abre outras possibilidades”. Se no início deste artigo eu disse que Elvira constrói, agora reitero que ela também destrói. Elvira é pura dualidade, um reflexo da condição humana.

Não foi à toa que começei a narrativa visual de Uma história pelo meio com uma página em branco. Li e reli o texto por inúmeras vezes. Me senti acuada, sem encontrar um caminho para ilustrar esse livro tão ousado.

Elvira, há tempos, deu um recado para quem ilustra ao afirmar que a imagem não deveria repetir o texto, mas reinventá-lo. Ela faz do ilustrador também um leitor, trata todos da mesma maneira: deposita em nós a confiança do esforço de interpretação, já que pensar dá trabalho. Ela dizia: “Hoje, um texto — os meus e os dos autores de que gosto — não se fecha, ele necessita da contribuição do leitor para existir.”. Sendo assim, a boa leitura é uma ação complementar.

A partir desse entendimento, como se ela me convidasse para entrar numa brincadeira de corda que já estivesse pulando, me preparei com os braços a postos, contei três vezes e entrei no ritmo da corda para pular junto com ela.

Elvira era mesmo mestra em nos fazer pensar.

[As frases desse artigo foram tiradas da entrevista dada em novembro de 2013, no Projeto Paiol Literário, promovido pelo Jornal Rascunho].

Livro: Uma história pelo meio
Texto: Elvira Vigna | Ilustração e projeto gráfico: Raquel Matsushita
Editora Positivo, 2018
Mais sobre o processo.

arte muda da fuga

Arte muda da fuga, livro de poesias com fotos, de Carlos Dala Stella (Editora Positivo), projeto gráfico da Entrelinha, será lançado nesse sábado, dia 10/11/18, na Livraria Arte & Letra, em Curitiba.

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O projeto visual da capa tem como base as formas geométricas utilizadas por Carlos Dala Stella em seu trabalho. Tendo como referência as obras abstratas do artista, foi criada uma imagem de recortes que, sobrepostos, criam novas imagens. Essa sobreposição de recortes dá a dica da imagem contida na primeira página do miolo, um retrato do artista.

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uma história pelo meio

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Livro novo saindo do forno. Ou da gaiola. Texto de Elvira Vigna, projeto gráfico e ilustrações de Raquel Matsushita,  Uma história pelo meio ganha uma nova edição pela editora Positivo.

O livro contempla três histórias interligadas entre si, nas quais os personagens se entrelaçam de maneira livre. Uma história entra na outra, o narrador transita entre as narrativas, vai e volta.

O projeto gráfico e as ilustrações se alinham com a mesma liberdade dessa narrativa em três tempos. Ambos reforçam de maneira visual essa característica do texto.

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Ilustrações

Usei três técnicas diferentes de  ilustração, que ajudam a diferenciar as três narrativas que a história propõe.

Para a narrativa principal, foram combinados desenhos de clipart com objetos reais, tais como madeira, folhas, sementes, lápis, ovo, palha, arame, quadro de bicicleta etc. O conceito dessa colagem foi representar o real, com uma certa dose de irreverência, que é uma das características desse texto da Elvira. Por exemplo, para representar uma árvore, escolhi a madeira das caixas de frutas da feira e lápis. Ao utilizar objetos que um dia foram realmente árvore e se transformaram em outra coisa, abordei a noção do tempo (passado e futuro), que se entrelaçam no hoje, que é o presente da leitura.

Os objetos foram montados numa prancha e clicados, com resolução e iluminação apropriadas, por um fotógrafo profissional, o Daniel Monteiro. Nessas imagens, a paleta de cor segue fiel à realidade, com as cores equilibradas.

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Na segunda narrativa, as imagens foram desenhadas com carimbo, uso de texturas, num estilo que se distancia da realidade, com proporções e traços livres. A paleta de cor é intensa com cores saturadas em alto contraste.

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Por último, na terceira narrativa, as ilustrações são vetoriais, com uma linguagem gráfica, sem texturas, com o uso de cores chapadas. Nesse estilo, a paleta de cor é reduzida e fria.

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No decorrer da narrativa, o desenho transita de uma técnica à outra, na mesma página, para acompanhar o entrelaçamento das histórias.

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Lançamento e bate-papo

Haverá uma conversa aberta sobre a construção deste livro com a editora Cristiane Matheus (Editora Positivo) e Raquel Matsushita, no dia 29 de novembro 2018, às 19h30, na A Casa Tombada (R. Min. Godói, 109 – Perdizes, São Paulo – SP, 05015-000. F. (11) 3675-6661).

Todos convidados!

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a bola do vizinho

Imagine que o seu vizinho tem uma bola e você quer uma maior do que a dele. Então, você aparece com uma bola grande e ele quer uma maior do que a sua. Onde isso vai parar?

A bola do vizinho, de Raquel Matsushita (Editora Positivo) é um livro de imagem que usa a estrutura do próprio livro e muitas cores para contar uma história.

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A cerca da capa ocupa também as orelhas e transforma a própria estrutura do livro num grande cercado que contém o miolo ao centro.IMG_8488

Na história os personagens dividem-se em dois campos de disputa, com a cerca impressa no centro do livro (costura) como se continuasse lombada adentro. As páginas pares são território da menina e as ímpares, do menino.

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O fundo das páginas é branco em contraste com o colorido das bolas, para reforçar a invasão de espaço que as bolas ocupam no decorrer da narrativa. O desenho das bolas foi feito com carimbos de números crescentes, de 1 a 9.

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Para comprar o livro no site da Editora Positivo, clique aqui.

Para saber mais sobre o processo da ilustração, clique aqui.

a bola do vizinho

Com grande alegria, convido para o lançamento do livro A bola do vizinho (Raquel Matsushita, Editora Positivo, 2015), no sábado, dia 07/11, às 15h30, na livraria Novesete (r. França Pinto, 97 – Vila Mariana, próximo ao metrô Ana Rosa).

Haverá contação de história com a Trupe Borboletras!

Imagine que o seu vizinho tem uma bola e você quer uma maior do que a dele. Então, você aparece com uma bola grande e ele quer uma maior do que a sua. Onde isso vai parar?

Foi essa ideia que me levou até a história que eu conto neste livro.

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Como tudo começou

Barcelona me fez perder o sono: primeiro, porque me apaixonei pela cidade, que transpira arte. Segundo, porque o fuso horário me fez acordar todas as madrugadas. No entanto, essas madrugadas foram proveitosas pois, nelas, nasceram ideias, que se transformaram em livros. Uma delas foi A bola do vizinho.

O mote desse livro foi questionar o valor essencial da vida: ter ou ser? A partir daí, surgiram outras perguntas: “É melhor ser um amigo ou ter um objeto de desejo?”; “Até que ponto ‘ter sempre mais’ é saudável?”; “O que importa se a grama do vizinho é mais verdinha?”.

Processo

Essas questões me levaram a uma história contada com imagens. Lembrei da fotonovela (uma maneira antiga de contar histórias) e usei o mesmo princípio para ilustrar o livro. As crianças Lia e Guilherme – que revelaram-se ótimos atores – e a fotógrafa Selma Perez foram meus parceiros imprescindíveis nessa história. Fizemos várias sessões de fotos até chegarmos nas finais.

Raquel e Selma dirigem os personagens

Alterei as imagens coloridas para o preto/branco e, depois, criei as roupas dos personagens em cor. Para o desenho das roupas usei – como carimbos – os objetos do cotidiano: casca de banana, abobrinha, tomate, tampa de remédio, folhas secas etc. Para fazer as bolas usei carimbo de números, em ordem crescente de 1 a 9. Os carimbos foram, portanto, matriz para acrescentar cor às páginas. Com a ajuda do computador, fiz a montagem sobre as fotos.

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O processo da ilustração

A autora
Raquel Matsushita nasceu e mora na cidade de São Paulo. Formada em Publicidade e Propaganda, pela Universidade Metodista de São Paulo, especializou-se nos cursos de Design Gráfico, Cor e Tipografia, na School of Visual Arts, em Nova York. Autora dos livros infantis Eu (não) gosto de você! (Jujuba Editora); Não, sim, talvez (Sesi-SP Editora). Em 2014 recebeu, junto com Claudio Fragata, o primeiro lugar  na categoria Paradidáticos do 56º prêmio Jabuti com o livro Alfabeto escalafobético (Jujuba Editora) e o segundo lugar na categoria Capa com o livro Graffiti Fine Art.

“Sempre fui atraída por imagens, cores, artes. Na faculdade, me encantei especialmente pelas artes gráficas e resolvi trabalhar com livros. Desde então, esse é o meu ofício. Escrever e desenhar surgiu da vontade de trocar experiências de vida, pensamentos e ideias que podem ser úteis para outras pessoas. Porque é assim que acontece comigo: aprendo muito com as histórias dos outros. O livro é o meio de transporte dessa troca valiosa.”

Ficha técnica
24 x 24 cm
36 páginas
ISBN: 978-85-385-9254-9

Capa do livro

fotografia de Manu Costa

Contação de história com a Trupe Borboletras